terça-feira, maio 30, 2006

Festival de Cannes

Sabia que Cannes, durante o festival, se tornava quase numa passerelle de celebridades, mas nunca tinha estado por perto.

Esta proximidade, revelou-me outra faceta de todo este glamour, fiquei a perceber que também é um nicho de milionários à procura de ‘pedegree’.
Engraçado, como milionários, cujo valor patrimonial tem algarismos a perder de vista, têm necessidade de serem reconhecidos como tal pela sociedade….
Se não o forem sentem-se um nada. ‘Ser, sem parecer’ é, para eles, quase humilhante.
Há uma necessidade, quase doentia, de afirmação que só confirma a teoria do Sartre, “o olhar dos outros torna-se no nosso Ser”.

Penso ter visto mais lantejoulas, Lamborghinis, Bentleys, Rolls Royces, Ferraris, Maseratis, Cadillacs, Limusinas etc.. numa só avenida do que existirão em todo o Portugal.
Não nego ter ficado impressionada, mas ao mesmo tempo desiludida. Percebi que há ‘ricos loiros’ e ‘Ricos’. Cannes tem, nesta altura, muito ‘rico loiro’.

Deixando a fofoquice e passando ao próprio festival, penso que o prémio de melhor actor foi atribuído a um magrebino (embora eu lhe ache imensa piada) para acalmar ânimos em França. A Palma de Ouro, foi para “Le vent se lève “ de Ken Loach, e
o “Adiante Juventude” do Pedro Costa ficou a ‘ver navios’. O filme foi considerado pesado, difícil de ver,… “penible”, foi o termo.

E a propósito de Pedro Costa…Não gostei de ouvi-lo dizer que fez este filme, não para ganhar um prémio, nem para partilhar tempo com a equipa, mas simplesmente para fazer algo…..muito profunda esta!
Gostava que os nossos realizadores percebessem que a arte tem 3 vertentes indissociáveis: O autor, a obra, o público….Porque teimam eles em ignorar o público?

segunda-feira, maio 22, 2006

Still Life with Spherical Mirror (M.C.Escher.1934)

Num domingo destes, passei a tarde a desfolhar um livro sobre a obra do M.C Escher.
Apesar de não ser fã deste tipo de arte, devo-me render à obra que aqui coloco.

Fica aqui guardada no ‘meu cantinho’, bem perto da minha vista, para assim poder apreciar e partilhar a sua estranha beleza.

sábado, maio 20, 2006

Rhena


Depois de falar da Kitty, tinha de apresentar a Rhena ..
É uma chow-chow, o cão mais parecido com o urso, do qual herdou a língua preta. Óptimo cão para apartamento, não ladra, não salta, não destrói, dorme….dorme…dorme…e dorme : ))

Foi até hoje o único cão, a quem consegui dar educação. Obedece naturalmente e sem treino ás ordens de ‘Pára’, ‘Anda’, ‘Senta’, ‘Aqui’, e mais algumas gracinhas. Inteligente, pensava eu…até que alguém me disse que estava colocado em excelente posição na lista das raças de cães mais burros.
Aí percebi que a inteligência e obediência não eram sinónimos.
Seja como for, era a menina mais nova da família até chegar a Kitty. Nesse campo, passa a número dois, mas continuará a ter sempre a atenção e carinho a que foi habituada.

quarta-feira, maio 10, 2006

Poema desconcertante






PRIMEIRO DOMINGO


A tarde estava errada,
não era dali, era de outro Domingo,
quando ainda não tinhas acontecido,
e apenas eras uma memória parada
sonhando (no meu sonho) comigo.

E eu, como um estranho, passava
no jardim fora de mim
como alguém de quem alguém se lembrava
vagamente (talvez tu),
num tempo alheio e impresente.

Tudo estava no seu lugar
(o teu lugar), excepto a tua existência,
que te aguardava ainda, no limiar
de uma súbita ausência,
principalmente de sentido.

(Manuel António Pina - Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança)

terça-feira, maio 09, 2006

Literatura

Por norma, sinto mais necessidade do 'meu cantinho' nos meus dias mais nostálgicos, é portanto natural que não resista à tentação de enchê-lo de poemas que, por um motivo ou outro, me tocam.
Mas enquanto o sol ainda brilha, aproveito para relembrar um texto que tenho guardado há anos e que acho fantástico.
Bora lá fazer revisões! :

«Para poupar tempo e dinheiro aqui estão alguns tesouros da literatura universal em poucas linhas e ao alcance de qualquer um.

1) Marcel Proust. À la recherche du temps perdu. Paris, Gallimard. 1922 (I.ere edition)
- À procura do tempo perdido. Livros do Brasil Colecção Dois Mundos). 1965

Resumo: Um rapaz asmático sofre de insónias porque a mãe não lhe dá um beijinho de boas-noites. No dia seguinte (pág. 486. I vol.), come um bolo e escreve um livro. Nessa noite (pág. 1344. VI vol.) tem um ataque de asma porque a namorada (ou namorado?) se recusa a dar-lhe uns beijinhos. Tudo termina num baile (vol. VII) onde estão todos muito veIhinhos e pronto.


2) James Joyce. Ulysses. Paris, Shakespeare Co. 922 - trad. portuguesa de João Palma-Ferreira.

Resumo: Um dia na vida de um judeu chamado Bloom que vai cagar no primeiro capítulo. Um estudante chamado Daedalus mas.turba-se na praia. O judeu bebe uns copos e fala com o sapato. A mulher do judeu (que é cantora) lembra-se de como forni.cou o dia todo com o seu amante. Termina com a palavra «Sim», prova indiscutível de que se trata de um livro inteiramente positivo.


3) Júlio Dantas, A Ceia dos Cardeais, Lisboa, Lello, 1908 – tradução portuguesa de David Mourão-Ferreira.

Resumo: Era uma vez três cardeais. Um era português, o outro espanhol e o outro francês. Estavam a jantar no Vaticano e lembraram-se de comparar engates. O francês tinha muita lábia, o espanhol muita basófia mas o português é que a sabia toda. No fim, os outros baixaram a bola e reconheceram como é diferente (e melhor) o amor à portuguesa. Ou, como disse no fim o cardeal inglês. «Portuguese do it best».


4) Leão Tolstoi, Guerra e Paz, (1800 páginas)

Resumo: Um rapaz não quer ir à guerra e por isso Napoleão invade Moscovo. A rapariga casa-se com outro. Fim.


5) Luís de Camôes, Os Lusíadas (várias edições), versão portuguesa de João e
Barros)

Resumo: Um poeta com insónias decide chatear o rei e contar-lhe uma história de marinheiros que, depois de alguns problemas (logo resolvidos por uma deusa porreiraça), têm o justo prémio numa ilha cheia de gajas boas.


6) Gustave Flaubert, Madame Bovary, (378 páginas)

Resumo: Uma dona de casa engana o marido com o padeiro, o leiteiro, o carteiro, o homem do talho, o merceeiro, e um vizinho cheio de massa. Envenena-se e morre.


7) William Shakespeare, Hamlet, Londres, Oxford Press

Resumo: Um príncipe com insónias passeia pelas muralhas do castelo, quando o fantasma do pai lhe diz que foi morto pelo tio que dorme com a mãe, cujo homem de confiança é o pai da namorada que entretanto se suicida ao saber que o príncipe matou o seu pai para se vingar do tio que tinha matado o pai do seu namorado e dormia com a mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a mãe, depois de falar com uma caveira e morre, assassinado pelo irmão da namorada, a mesma que era doida e que se tinha suicidado.


8) Anónimo colectivo, Antigo Testamento (2 vol.)

Resumo: A mesma história tem dezenas de versões. Trata-se da saga de uma família através de várias gerações. Uma história de poder, luxúria, paixões incandescentes, ambições desmedidas, crimes hediondos e sexo.


9) Anónimo colectivo. Novo Testamento (4 versões)

Resumo: Uma mulher com insónias dá à luz um filho cujo pai é uma pomba. O filho cresce e abandona a carpintaria para formar uma seita de pescadores. Por causa de um bufo, é preso e morre.»

Nuvens



«Às vezes, construímos pequenos sonhos em cima de grandes pessoas, mas com o passar do tempo, percebemos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para eles...»

domingo, maio 07, 2006

História da Kitty




Hoje a família cresceu. Não consegui virar costas e esquecer aquele olhar de gatito vadio, sem futuro nem presente.

É uma gatita, talvez com 2 meses, filha de uma gata vadia que teimava em ir colocá-la no quintal da minha mãe.
Talvez o instinto dessa ‘gata mãe’pressentisse que nada de mal, ali, aconteceria à sua prol...E não se enganou, apesar de ser mais uma responsabilidade para além das muitas que já tenho, não lhe pude negar uma vida decente, depois de muita ponderação, recolhi-a.

E ela?..está a gostar, neste momento depois do trauma de um banho, brinca, atarefada em conseguir apanhar os meus dedos que percorrem o teclado.

Se puderem, adoptem um animal, eles agradecem e é tão gratificante :)

Dia da Mãe



Hoje é o dia em que todas as mães recebem um carinho dos filhotes.
Este dia leva-me a meditar sobre esse sentimento tão forte que une uma mãe ao seu filho(a).

Tenho de confessar, estar convencida que só uma mãe pode compreender tal sentimento….Bastando, para isso, analisar a atitude das meninas e meninos em relação ás suas mães.

Enquanto, na infância, uma menina é mais próxima do pai e o menino é mais meigo com a sua mãe (conhecido complexo de Édipo), na idade adulta os papéis invertem-se, a menina (depois de, ela própria, ser mãe) reaproxima-se da sua mãe.
Deverá-se concluir que só a maternidade nos permite compreender esse amor incondicional e ilimitado, único amor que nada (nem o tempo) consegue corroer?

Talvez...Mas como há coisas que não se explicam, simplesmente sentem-se, só me resta acreditar na magia do amor de mãe e a ela dedicar o ‘amor-perfeito’ que aqui coloquei.

«Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!»
(Coelho Neto)

«Et lorsque le malheur
M’attend sur le chemin,
Je le sais par ton cœur
Qui bat contre le mien»
(Maurice Carême)


Um bom Domingo também para todos que rodeiam uma mãe :)

Um Momento




Tenho esta foto, há tempos guardada na minha memória e no meu pc.
Apesar de considerá-la uma obra de arte, acho-a desconcertante ao ponto de sentir necessidade de exteriorizar o impacto que ela causa em mim .

A atrocidade e o contra-senso do seu contéudo são marcantes.
Ela consegue transmitir um quadro de violência (psicológica) apesar de fotografar dois seres pacíficos e em paz.

Se não fosse a presença do abutre, pensaria simplesmente que a criança estava mal, ficaria-me pelo ‘presente’ da foto sem tentar entrar no seu ‘futuro’, mas o abutre não nos deixa ficar nessa confortável posição, obriga-nos a ver, e de certa forma, a representar também um papel de abutre ao delinear um futuro de destino traçado sem nada fazer para interferir.

Os fotógrafos não sendo médicos, ainda não sabiam se a criança se salvaria ou não e no entanto tiraram friamente a foto, o que, na minha opinião, torna o abutre menos 'abutre' do que os fotógrafos.
Ele esperava simplesmente pelo momento X, enquanto estes não resistiram à tentação de colher frutos antes do dito momento.
Tenho de alhear-me à frieza do disparo fotográfico, para reconhecer que é uma excelente foto.

Existe um povo (fiquei com uma vaga ideia que era para Oriente Sul) que leva os seus mortos até ao cimo de uma montanha para os corpos serem 'limpos' pelos abutres...Não me lembro da explicação dada, mas convenceu-me que era tão lógico como outra forma de funeral.
Por isso, nem penso que fosse isso o mais importante aqui... o que choca mesmo os seres mais sensíveis, e por regra o ser feminino, é a possibilidade de alguém conseguir raciocinar perante uma situação destas.


Para além da crueldade do nosso mundo, tiro duas grandes ilações desta imagem :

- Representamos muita vez o papel do abutre ao longo da nossa vida. Umas vezes pela passividade, outras por sermos impotentes.

- A ânsia de captar boas imagens, por vezes leva a limites extremos de humanidade.
Em situações extremas, um Ser humano pode deixar de o ser.




sábado, maio 06, 2006

Teste




Ganhei coragem para criar o meu próprio cantinho, estou a usá-lo como um brinquedo novo, sem saber muito bem que destino lhe dar, já que não tenho conhecimentos de informática.

De qualquer forma vou tentar fazer dele o meu refúgio, cantinho de relíquias, recordações ou simplesmente de arquivo.

Ainda estou numa da tentativa e do erro....mas com a perseverança (quase teimosia) que me é própria, vou desbravar terreno.

Neste 1º post deixo um olá para algum incauto que aqui tenha vindo parar por engano :)